Velho sim, desconectado nunca!
Se você acha que seu avô ou até seu pai, parou na máquina de escrever, pense de novo!
Com este trabalho realizado para a ACIEPE 2018, Observatório Cidadania Cultura e Cidade, tenho por intenção relatar, dentro do contexto sociedade e cidades. Em um breve ensaio sobre o processo natural que acomete a todos nós, o da velhice, e com isso, fazer uma relação com as tecnologias, no caso, a internet e seus dispositivos: Computadores e smartphones, e explorar a relação de idosos com seu uso, o que eles compreendem por internet, seu uso. O que estes sentem com a internet em suas vidas, as necessidades deste meio de informação tão contemporâneo; nesta analise observaremos a relação da tecnologia dentro do contexto social, cultural, político e biológico.
Segundo estudos do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), no intervalo de 2012 a 2016, o número de idosos que usam a internet subiu de 8% para 19% no Brasil. Dentro destes números notamos um grande aumento da inclusão digital da terceira idade na internet. E de quebra, ainda, estudos realizados sobre o desenvolvimento de demência na terceira idade publicado na revista cientifica on-line PLOS ONE. Pesquisadores determinaram uma relação do desenvolvimento da doença e idosos que utilizam computadores, e concluíram que aqueles que fazem uso do mesmo tiveram menos propensão ao desenvolvimento da doença em sua pesquisa. Nesse interim, segundo a Michigan State University, em outra pesquisa concluiu que os idosos que usam a internet tem 30% menos possibilidade de desenvolver depressão. Isso se dá segundo a pesquisa, ao fato de aqueles que usam redes sociais, se comunicam mais facilmente e não se sentem solitários. Claro que nem tudo é perfeito, temos que nos lembrar dos problemas que a internet pode trazer a estes, problemas de segurança, como golpes, fraudes…
Nesta investigação, que conta com depoimentos de septuagenários ou octogenários, que fazem uso da internet para diversos usos desde a simples vista a redes sociais para visualizar membros da família, por meio de fotografias, mensagens. E mais adiante, angariando informação de cunho político, educacional e variado, compras em sites, uso de aplicativos mensageiros, com estes ver os benefícios manifestados em suas vidas cotidianas.
Moacyr de Abreu observando fotos de família no Facebook
Segundo entrevistado, para Moacyr de Abreu, 84 anos, que conheceu a internet através de seus familiares, para ele: “é um excelente método de adquirir informação” para ele um grande problema, é o fato de não dominar o conhecimento da internet: “Eu tenho um pouco de medo pois eu não conheço tudo né! ”, o melhor uso é o de adquirir informação sobre política. A internet da diferentes óticas sobre o assunto e uma melhor variedade de fatos, diferente das mídias tradicionais, onde ele antes era apenas o espectador. Segundo ele, lhe é muito “gostoso” também usar as redes sociais, no caso o Facebook, para que este possa ver fotos, relatos e publicações da família: “Eu gosto de ver minha família, fotos aqui no computador, eles estão longe, mas por aqui fica fácil ver eles”, todavia, questionado, sobre o que ele a família acha sobre seu contato com a internet, ele apenas ri e diz: “ Ah eles gostam né, é bom aprender, espero aprender tudo de internet para poder usar” e finalizando ele enfatiza, que gosta muito de receber ajuda de seus familiares com o aprendizado, pois sente dificuldades em se adaptar a internet e ao hardware do computador.
Antônio Carlos Gomes acessando o WhatsApp
Para o senhor Antônio Carlos Gomes nascido em 1941, o caso não é muito diferente. Apesar deste utilizar de um smartphone, que ao ser entrevistado mostrou grande habilidade, em manusear as redes sociais, mesmo assim para ele no começo acreditava não ter capacidade de se inserir no mundo virtual. Mas por grande força de vontade, se sente empolgado com seu conhecimento, e continua gostando de aprender mais sobre o mundo virtual, “ eu gosto de mandar mensagem, para os meus amigos, consigo mandar áudio, vídeo, ver fotos, noticia de Política, previsão do tempo, essas coisas! se eu não mando as vezes passa uns dias eu recebo mensagens dos amigos”. Ele aprendeu, também com auxílio de familiares e autodidata, todavia sente receio as vezes, e deixa o aviso: ”tenho medo de alguém pegar meu documento, dados… ser roubado”. E mais, ele demonstra uma grande preocupação com as Fake News, pois há uma dificuldade em saber o que é verdade e mentira. Dentro do contexto Smartphone, ele sente certa dificuldade assim em encontrar caminhos para buscar o que deseja procurar “ as vezes não consigo encontrar onde entra para ver as coisas”, segundo ele, para sua família. Eles sentem surpresa pôr no caso ele se demonstrar incrédulo, pois, ele se acreditava incapaz de acessar a internet, e hoje ele se sente à vontade com seu uso, mas ressalva, que sente grande necessidade de ajuda as vezes de seus familiares para compreender o uso do dispositivo assim como fazer buscas.
Entre os 117 milhões, de usuários do Facebook, 4 milhões são de pessoas com mais de 60 anos. Segundo dados do Comitê Gestor da Internet (que inclusive lançou uma cartilha para instruir pessoas com mais de 60 anos a utilizar a internet com segurança), ainda segundo este, em dez anos ouve um aumento de 20% do uso da internet por pessoas acima dos 60, o que mostra uma inclusão de pessoas mais velhas no mundo virtual enorme. Isso, também mostra uma grande faixa de pessoas mais vulneráveis conectadas. Muitas fraudes são de fácil reconhecimento por usuários mais adaptados, no entanto para idosos, nem sempre é o que ocorre, o que demonstra uma necessidade de que familiares, amigos ou profissionais da área, contribuam sempre para um feedback positivo com seus “internautas da melhor idade”.
Reflexão Final
Segundo estes relatos e pesquisa de dados que foram apresentados, conclui-se que os idosos sentem vontade de aprender e fazer uso da internet. E isso lhes traz saúde, tira da sensação de não pertencimento a qual o processo da velhice se destoa das outras idades. Que consequentemente pode causar depressão, ou outras doenças degenerativas tanto mentais, quanto físicas.
Já que o uso da internet em variados dispositivos, os distrai, ao mesmo tempo que informa, saem da rotina sem retira-los da segurança de seus lares. Principalmente a aqueles que já estão debilitados fisicamente. Saliento, porém, destes sentirem certa dificuldade para acompanhar a mudança da tecnologia dos dispositivos ou softwares, ou a dificuldade de se adaptar principalmente a celulares smartphones que contam com telas Touch, idosos perdem naturalmente e gradativamente o tato. E ainda a necessidade da família em cooperar para que estes possam melhor compreender e aprender a usar a internet e perder muitos medos da tecnologia, também os informar sobre os perigos, porém sem traumatiza-los. Infelizmente não existe uma grande quantidade de pesquisas ainda publicadas sobre o uso de internet e a terceira idade, que acaba por não nos dar uma boa amplitude sobre o assunto.
Texto por Felipe Paganini de Abreu.
REFERÊNCIAS:
https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0044239
http://ticeduca.ie.ul.pt/atas/pdf/358.pdf
https://www.humanasaude.com.br/artigos/o-tato-e-sua-mais-importante-forma-de-comunicacao,364
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