Linguagem Audiovisual

Na reunião do dia 04 de setembro tivemos a oportunidade de aprender acerca da Linguagem usada na produção audiovisual. Nesse dia, nosso mestre foi Paulo Roberto Montanaro, que atua na Secretaria Geral de Educação a Distância (SEaD), na UFSCar, campus São Carlos.

Para tanto, discutimos acerca das possibilidades e dificuldades da produção de mídias em tempo de convergência. Jekins define que a convergência ” ocorre por meio de aparelhos, por mais sofisticados que venham a ser. A convergência ocorre dentro dos cérebros de consumidores individuais e em suas interações sociais com os outros”, desse modo, nós deixamos a colocação de consumidores passivos e passamos a ser também agentes. Explica, ainda, que convergência não ocorre nas tecnologias, mas em nós, usuários da tecnologia, através do uso que fazemos destas tecnologias. Afinal, as tecnologias não definem a sociedade, nós, enquanto sociedade, fazendo uso de tecnologias ou não que mudamos a nós mesmos.

Mídia

O vocábulo mídia  deriva do Latim, medium, que significa meio ou forma. Dena (2008) define mídia como podendo ser uma indústria, uma mensagem ou experiência. Se entendida como indústria, trata-se do mercado midiático que tem o intuito de criar e difundir conteúdo em informação. Se vista como mensagem, remete à comunicação, como o velho modelo de Jakobson, contendo um emissor e o receptor de uma informação decodificada anteriormente. Desse modo, se considera a linguagem (a forma ou estrutura que se vale para comunicar), o conteúdo (aquilo que se fala) e o suporte (o meio em que a mensagem se propaga). Se entendida como experiência, é entendida como se dá a relação do sujeito com o que é produzido, ligado, dessa forma, ao fato de como estamos recebendo informações.

Audiência

Jenkins subdivide a audiência em três tipos:

  1. 1) Audiência Passiva: que é a audiência onde se consome conteúdo, a exemplo: TV, Rádio e Cinema;
  2. 2) Audiência Interativa: aquela audiência que dialoga mais com o consumidor, como as Redes Sociais Online (Facebook, Twitter etc)
  3. 3) Audiência Ativa: a que há produção de conteúdo que interfere no original, como a Narrativa Transmídia.

Indo para além dessa tríplice, Santaella traz uma quarta concepção: Audiência Ubíqua, como a propriedade de estar presente o tempo todo em diferentes espaços e tempos, ao mesmo tempo.

Semiótica e os Signos

A teoria Semiótica, pautada e influenciada na teoria dos signos linguísticos, de Ferdinand de Saussure, é a área de estudos dos signos que produza sentido para nós, seres humanos, como a linguagem verbal e não-verbal.  Podemos entender signo na dualidade significado significante, que, respectivamente, são imagem conceitual, o objeto em si, e imagem acústica, parte material. Outro exemplo são as placas, que mesmo não havendo, necessariamente material linguístico, conseguimos atribuir significa as formas que trazem, como cor, setas e etc.

Linguagem Audiovisual

É indispensável que pertençamos a uma mesma comunidade para que possamos compreender elementos, como a própria língua, os memes, situação política e etc. Desse modo, Bakhtin conceitua que “com efeito, é indispensável que o locutor e o ouvinte pertençam à mesma comunidade linguística, a uma sociedade claramente organizada. E mais, é indispensável que estes dois indivíduos estejam integrados na unicidade da situação social imediata, quer dizer, que tenham uma relação de pessoa para pessoa sobre um terreno bem definido. É apenas sobre este terreno preciso que a troca linguística se torna possível; um terreno de acordo ocasional não se presta a isso, mesmo que haja comunhão de espírito.”

Montagem de atrações (e o Efeito Kuleshov)

Em tese, a Montagem de Atrações, ou Efeito Kuleshov, é a ideia de que uma Imagem A + Imagem B, resultam numa Imagem C, (A+B=C). Por exemplo, ao colocarmos a imagem deste homem (A), pálido, inexpressivo, com a imagem de uma refeição posta sobre a mesa (B), resultamos numa terceira imagem, diferente; de um homem que anseia e deseja muito deliciar-se com o alimento.

 

Por outro lado, se juntarmos a imagem A e a imagem B sendo de um funeral, temos uma terceira imagem de alguém que está sentido com a morte da garota.

Ao colocarmos a mesma imagem (A) junto a imagem de uma bela mulher deitada, pode-se obter uma terceira imagem onde o senhor está admirando, por exemplo, a beleza de sua mulher.

Conceitos sobre roteiro

Ainda nesta troca de conhecimentos, iniciamos a discussão acerca da produção e conceitos de roteiro. Para Field, um roteiro não pode ser visto como um romance, um conto ou poesia. Segundo o autor, um roteiro tem como premissa básica três elementos a serem preenchidos em sua composição: é sobre alguém, este alguém em algum lugar, fazendo suas “coisas” em um período (tempo) específico. Ou seja, quem? O que? Onde? Quando?

Assim, o reoteiro, ao contrário do que se pensa, não é um texto denso e detalhista, que contém em si tudo o que se espera, por exemplo, de uma cena de filme. Ao contrário, em sua essência, o roteiro deve ser sucinto. A exemplo, podemos contrapor um texto literário, como “… e a paixão, num rompante de ternura e consentimento, lhe transbordou dos olhos como gotas de orvalho em uma manhã de primavera pueril…”, enquanto o roteiro conteria “ela chora”.

Ainda, o roteiro contém um resumo, que deve ser sucinto, contendo, basicamente, o começo, o conflito principal, o meio e o fim da história. A exemplo:

Forma do roteiro

De modo a caracteriza a forma e composição de um roteiro, o ministrante, Paulo, nos trouxe o seguinte exemplar:

Podemos perceber que este roteiro contém um poder de síntese refinado, pois consegue responder as três questões-chaves para sua produção, Quem? (o médico, o garoto e seus pais); O que? (estão em uma possível consulta); Onde? (num hospital) e Quando? (numa noite, em 1812).

Ainda, trabalhamos como se dá a Decupagem de Direção ou técnica, que consiste no olhar do diretor sobre o texto literário, de modo a transpô-lo ao roteiro.

  • O Enquadramento é a escolha de quais elementos serão focalizados pela câmera e como se dará isso.Segundo Martin “Trata-se aqui da composição do conteúdo da imagem, isto é, da maneira como o diretor decupa e eventualmente organiza o fragmento de realidade apresentado à objetiva, que assim irá aparecer na tela”.
  • Se divide em Grande plano, Plano geral, Plano conjunto, Plano americano, Plano médio, Plano próximo, Coseup (ou primeiro plano), Superclose Plano detalhe; de modo que, como nos mostra a imagem abaixo, se escolher o Grande plano geral escolhe-se um enquadramento mais geral, no gradiente, se escolhe-se o Plano detalhe, obtém-se um enquadramento mais específico.

A exemplo:

Grande plano geral

Plano Geral

Plano conjunto

Plano americano

Plano médio

Plano próximo

Cluse-up (ou primeiro plano)

Superclose

Plano detalhe

Forma e conteúdo

Discutimos a importância de se pensar para além do conteúdo. Juntamente, tão importante quanto o conteúdo, temos de nos atentar acerca das formas, afinal, elas também produzem significado. A exemplo, nos foi apresentada a abertura do filme brasileiro Cidade de Deus (2002), que embasou a discussão a respeito da forma como a câmera produziu sentido ao se valer de uma forma de retratar a fuga da galinha, de modo que não foi apenas uma galinha fugindo, mas estava sendo perseguida, havia todo um contexto e escolha dessas formas.

Essa discussão serviu para que pudéssemos refletir e pensar em como gostaríamos de encadear nossas produções para a ACIEPE, e para outros projetos além da atividade.

Por Robert Moura.

setembro 19, 2018

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *