Universidade Federal da Saúde Mental

A Universidade e o meio universitário, para muitos, é um sonho e uma realização. Desde o início da vida escolar, jovens são incentivados a buscar por uma vaga em um universidade, pública ou privada, pois esta seria uma forma de melhorar sua preparação, expandir conhecimentos e oportunidades de vida. O ingresso no ensino superior muitas vezes se dá de maneira muito difícil, e, para isso, os jovens são incentivados a se prepararem, estudando para vestibulares e sistemas de seleção de alunos. Após conseguirem o ingresso no ensino superior, porém, os alunos se deparam com questões para as quais muitas vezes não são preparados: Morar em uma nova cidade, lidar com novos meios sociais, uma inserção em um novo meio social, novas responsabilidades, provas, trabalhos, estudos, professores, colegas. Toda a pressão e cobrança advindas desse novo meio chegam de maneira repentina para muitos, e essa chegada repentina acaba por ser um agravante ou mesmo causa de diversos transtornos mentais. O aumento no número de casos desses transtornos no meio universitário é um fenômeno atual que vêm preocupando membros da comunidade e pessoas envolvidas com aqueles que sofrem deste tipo de mal.

Os transtornos mentais mais comuns são ansiedade, depressão, porém há um crescente número de transtorno mais “graves”, como é o caso de alcoolismo e até mesmo suicídio. Este último, mais comum entre discentes, é a quarta maior causa de morte entre adolescentes, segundo a organização mundial da saúde, ( causando uma vítima a cada 45 segundos em todo o mundo ). Além disso, estima-se que para cada vítima de suicídio, existiram outras 20 tentativas.

Segundo a IV Pesquisa do perfil socioeconômico e cultural dos estudantes de graduação 2014, realizada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assistência Estudantil (FONAPRACE), o índice de estudantes que sofrem algum tipo de dificuldade emocional na universidade chega a níveis alarmantes de 82% na região sudeste do país, sendo que o mínimo, na região Norte, é de aproximadamente 72%. Os dados podem ser observados na tabela abaixo.

Graduandos segundo a existência ou não de dificuldades emocionais que podem ter interferido na sua vida acadêmica nos últimos 12 meses, por região de localização das IFES – 2014.

 

Além disso, essa mesma pesquisa também buscou entender os principais transtornos apresentados pelos estudantes, sendo os resultados apresentados na tabela a seguir.

Graduandos segundo os tipos de dificuldades emocionais que podem ter interferido na sua vida acadêmica nos últimos 12
meses, por região onde se localizam as IFES (em %) – 2014.

 

Com os dados de suicídio e transtornos mentais anteriormente apresentados e os casos recentemente divulgados de suicídio e tentativas dos últimos meses que tiveram grande repercussão, instituições de ensino superior passaram a sentir necessidade de se inserir no debate e discussão acerca desses temas, que por muito tempo foram considerados negligenciados.

Um exemplo de instituição que tem tomado postura no debate sobre esse tema é na FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), da USP, em que um grupo autogerido, nomeado Coletivo Neurodivergente Nise da Silveira, criado em 2016, realiza reuniões, rodas de conversa principalmente por meio de redes sociais.

Outra iniciativa é a FUSM (Frente Universitária de Saúde Mental), formada por alunos da Medicina, do Direito, da Psicologia, da Escola Politécnica e também de faculdades de fora da USP, como a Santa Casa de São Paulo. A página da iniciativa nas redes sociais recentemente viralizou, tendo milhares de curtidas e se tornando popular na rede.

Em um exemplo mais próximo, em São Carlos, na UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), os departamentos acadêmicos de Medicina, Psicologia e Terapia Ocupacional, além do Hospital Universitário e a Secretaria Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade da Universidade, unidos pela Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis da Instituição, têm trabalhado em construir uma política de saúde mental com o SUS, construindo linhas de cuidado e capacitando gestores e trabalhadores da instituição para lidar com situações relacionadas a esses transtornos.

Com os recentes casos de estudantes que sofrem com transtornos mentais sendo evidenciados e ganhando destaque nas mídias, inclusive os casos com finais drásticos, é fundamental que essas instituições de ensino demonstrem sua preocupação com os seus integrantes, uma vez que o papel de uma instituição assim é mais do que capacitar o cidadão tecnicamente, é o de formar pessoas innovative HVAC solutions que possam cumprir seus papéis no mercado ou na própria academia, mas principalmente, formar cidadãos capazes de cumprir seu papel em meio à própria sociedade.

A constituição de grupos de discussão e construção de políticas de saúde mental, como no caso da UFSCar é um ótimo sinal de que, mesmo que tardiamente, essas instituições começam a se mover em prol de melhorar a experiência de discentes, docentes e toda a comunidade interna e que está envolvida com a instituição. Resta agora esperar que essas atitudes tenham um resultado positivo e eficiente e o ambiente universitário possa se tornar não apenas produtivo, mas agradável a todos aqueles que o integram.

 

Fonte:

Quantos suicídios acontecem anualmente no mundo/
https://www.radio.ufscar.br/noticias-ufscar/politica-de-saude-mental
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/09/brasil-registra-11-mil-casos-de-suicidio-por-ano-diz-ministerio-da-saude.shtml
http://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2018-08/casos-de-suicidio-motivam-debate-sobre-saude-mental-nas-universidades
http://incubadora.periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/1113/1305
http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2018/05/grupos-autogeridos-debatem-saude-mental-na-universidade/
https://www.politize.com.br/saude-mental-na-universidade/

novembro 22, 2018

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