A linguagem jornalistica na produção midiática

No encontro do dia 30 de outubro, a ACIEPE “Os diferentes olhares para a cidadania, cultura e cidade intermediados pela web: produção colaborativa de conteúdo multimídia visando engajamento e participação em um observatório” contou com a presença da jornalista Kelly Godoy, conhecida por apresentar o Jornal da EPTV (segunda edição), ao longo de treze anos. Além disso, Kelly já atuou em emissoras como Globo, SBT e Record. Nesse encontro, compartilhou conosco conhecimentos técnicos e práticos, para que pudéssemos compor nossas produções com mais dinamicidade, importante aspecto neste mundo virtual.

Destacou a diferença entre o fazer jornalístico ao longo da história e apontou a diferença que o advento da internet causou ao jornal: a linguagem se tornou menos burocrática, foi preciso adequar-se à linguagem do público mais amplo, deixou-se de lado a voz mais encostada (próxima ao microfone), rígida e grave, à voz  mais natural, próxima da realidade dos ouvintes, leitores e telespectadores. Outro aspecto que propiciou a mudança linguística no jornalismo foi o surgimento dos youtubers, que passaram a competir no mundo da informação, com língua mais acessível, próxima dos consumidores de informação. Assim devemos pensar nossas construções midiáticas: informar, mas informar para a maioria entender.

Comentou sobre outros aspectos importantes para a produção jornalística, seja em entrevista ou documentário, por exemplo. Primeiramente, é importante pensarmos no fato que será objeto jornalístico, isso implica, como nos mostrou a jornalista, três perguntas a serem respondidas:

  1. Qual é o impacto deste fato para a sociedade? Ou seja, é relevante? Vai informar e conscientizar?
  2. O fato é abrangente? É possível entrevistar diversos agentes? É possível coletar diversas informações, fatos e opiniões?
  3. É possível produzir um vídeo que trate da informação? É preciso que haja a dinamicidade do vídeo, cenas a serem capturadas e gravar com as pessoas envolvidas.

Após responder essas perguntas, é importante pensar no cenário em que será produzido a gravação em vídeo. Para tanto, a cena é importante aspecto para tal produção, não se pode inventar uma cena e, por isso, é de extrema importância o olhar atento, tanto do repórter/entrevistador, quanto do cinegrafista e integrantes da equipe que estarão no local de gravação, para que não se perca cenas interessantes.

Para que cada cena seja impactante no vídeo como um todo, pensar na duração de cada cena é importante, para tanto, sugeriu que cada ângulo dure de 3 a 4 segundos, visto a necessidade de uma produção dinâmica e fluida. Além disso, é importante gravar cenas de apoio, cenas extras que ficam à disposição da equipe na montagem e produção do vídeo.

Exemplo:

Tropicalismo 50 anos

Alunos do curso de Música da UFSCar fizeram uma homenagem aos 50 anos do Tropicalismo com show que trouxe no repertório músicas consagradas e também canções pouco conhecidas. Depois de percorrer escolas estaduais de São Carlos, os estudantes subiram ao palco do Teatro de Bolso na área sul do campus.#tvufscar #ufscar #tropicalismo50anos #tropicalismo #tropicália #música #sãocarlos

Publicado por TV UFSCar em Quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Outro aspecto importante é retratar os fatos com maior exatidão, dentes eles, os dados dos entrevistados, como nome e profissão. Basta pedir para que o entrevistado diga seu nome e profissão, bem como, que soletre seu nome, pois há variação na construção dos nomes, como uso da letra “i” ou letra “y”, “s” ou “z”, “l” ou “ll” etc.  Sugeriu evitar a gravação com crianças, por questões jurídicas, principalmente, em questões de risco. Caso seja interessante para a documentação, sugeriu a gravação de modo que a identificação da criança seja impossível: gravar apenas as mãos da criança brincando, borrando a imagem facial e mudando a voz (com voz de pato), por exemplo.

Há situações em que o entrevistado desiste e pede para que seu depoimento seja retirado, é importante respeitar a decisão e retirar o trecho da matéria. Destacou a ética jornalista em casos que pessoas envolvidas num mesmo fato sejam contatadas, para que todos os envolvidos deem seu ponto de vista e visão acerca do que é noticiado.

A linguagem jornalística

Pudemos aprender, também, modos de produção da notícia em vídeo. Kelly Godoy nos deu três exemplos de gravação:

  • Stand-up, quando o jornalista faz, por exemplo, a gravação onde o fato noticiado ocorreu. É um recurso usado quando se trata de uma informação importante, que não houve a oportunidade de capturar cenas.

Exemplo: (a partir dos 12 segundos)

  • Nota coberta, produção da notícia usando apenas a narração do texto e se valendo de imagens. Este modo requer menos edição, por isso é muito utilizado.

Exemplo de nota coberta:

Orquestra da UFSCar se apresenta hoje

Hoje (26/05) tem apresentação da Orquestra Experimental da UFSCar no Teatro Municipal de São Carlos. A entrada é de graça e os ingressos podem ser retirados a partir das 14h. Confira o vídeo.#TVUFSCar #UFSCar #OrquestraExperimentalUFSCar #TeatroMunicipalSaoCarlos #MusicaInstrumentalBrasileira #NailorProveta #Concerto #Choro

Publicado por TV UFSCar em Sábado, 26 de maio de 2018

Passagem, quando o repórter aparece, esse modo requer mais edição, há a presença do texto em off e cobertura de imagens.

Exemplo:

Robôs bons de bola!

Futebol de robôs! Conheça a equipe Red Dragons Robot Soccer da UFSCar. Estudantes de vários cursos ajudam a desenvolver os robôs que são totalmente autônomos. Quer saber como fazer parte do time? Aperte o play!#TVUFSCar #UFSCar #FutebolDeRobôs #RobôsAutônomos #Tecnologia #AprendendoNaPrática #SãoCarlos #Robótica #RobotSoccer #GoReds!!

Publicado por TV UFSCar em Quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Na produção jornalística, existem diversos atores importantíssimos até que a notícia chegue ao público:

  • o Rádio Escuta: é a pessoa que fica em busca de notícias, liga ao Corpo de Bombeiros, Polícia, Órgãos Públicos e etc;
  • a Produção: é a equipe que coordena  como os fatos deverão ser abordados e como acontecerá a reportagem;
  • a Reportagem: esta etapa conta com o repórter e o cinegrafista, é importante o diálogo entre estes atores, é um trabalho mútuo e sincronizado;
  • a Edição de Texto: equipe responsável por revisar o texto do repórter, bem como, responsável pelo que vai ao ar;
  • a Edição de Imagem: é a equipe que cobre a matéria.

A TV UFSCar

A TV UFSCar existe há um ano e meio está sob coordenação da jornalista Kelly Godoy, que conta com dois estagiários. É um meio de informação muito importante, leva ao conhecimento da sociedade a importância da universidade pública e de qualidade. Além disso, visa levar o conhecimento cientifico produzido nesse espaço à sociedade. Conheça mais sobre a TV UFSCar em seu perfil no Facebook.

Agradecemos a participação da jornalista Kelly Godoy e por todas as dicas e conhecimentos passados a nós.

Por Robert Moura.

novembro 11, 2018

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